quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Chula do vaqueiro Bité

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A chula marajoara
Ressoando pelas margens
Embalou braço de rio
Pras lagoas deu aragens

Em cada merecimento
Fica muito pra cantar
Tantas partes dum momento
No viver de cada olhar

Envinha de lá pra longe
Por aqui eu quis passar
E contar minha história
Que é também a do lugar

Vivo como o desafio
Que o rio faz ao mar
Sou menor do que a vida
Mas não canso de lutar

Minha mãe não me pariu
Se foi antes de eu chegar
Na morte dela que vim
Sou nascido de um findar

Fui criado pela lida
Na presença do meu pai
Cavalguei sua desdita
Desde meu primeiro ai

Meu pai se foi numa cheia
Na tristeza afogado
Tempo ainda de eu menino
Sem madrasta ou pecado

Numa mão lavrei um remo
Na outra trancei um laço
Nos pés fiz meu cavalo
A canoa fiz no braço

Menino eu fui vaqueiro
Laçando fui coragem
Remando chorei baixinho
No rumo da minha margem

Pelas águas fui crescendo
Recebendo o encantado
Que guiava o caminho
Como estando ao meu lado

Nos retiros eu cuidei
O tanto de ser amado
Encantei moça donzela
Muita mulher de casado

Minha vida em rodopio
Foi em volta do patrão
Nos pastos segui o fio
Virei, sendo, seu ferrão




“Eu sou balanço
Eu sou de ouro
Eu venho no jogo do mar
O meu cavalo é maresia
Eu sou balanço
Eu moro no fundo do mar”
(*)





(*) Domínio Público Adaptado





FIM

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